Como a IA deve revolucionar a gestão nos próximos anos

Com a ascensão do ChatGPT e o censo-comum de olho nas novidades do mercado de Inteligência Artificial, está ocorrendo uma verdadeira corrida no mercado para lançar recursos de IA, com muito investimento no setor. Veja como essas novidades vão afetar a gestão de negócios.

Por Matheus
24/11/2023

A Inteligência Artificial está longe de ser uma novidade do mercado tecnológico. Pra se ter uma ideia, a primeira vez que o termo foi usado foi na década de 50, pensando-se em computadores, da época que eram analógicos, que pudessem resolver problemas gerais (General Problem Solver). Esse campo de estudo está em alta há muitos anos, o que viabilizou termos o panorama no mundo que estamos hoje. Mas foi só há pouco tempo, que pudemos ter demonstrações práticas, para a população no geral, do que a IA é capaz de fazer, como através do ChatGPT que é aberto para qualquer pessoa conversar com uma máquina através de linguagem natural.

Linguagem natural, mais conhecido como PLN - Processamento de língua natural, é a capacidade de computadores, através do seu vasto aprendizado de máquina (machine learning) na área de linguística e interpretação, ser capaz de interpretar e produzir textos, de forma parecida com a interpretação humana.

O que permitiu essa evolução rápida?

Primeiramente, a evolução, no campo de software, nunca é rápida, mas um fato é que nós conseguimos produzir softwares em que ainda não existem hardwares capazes de rodá-los com eficiência. Em outras palavras, poderíamos desenvolver os gráficos 3Ds mais realistas do mundo, em um novo jogo, mas não termos um hardware potente o suficiente para rodá-lo.

O que está acontecendo no mercado de tecnologia e IA, pode ser explicado por um ditado antigo da década de 70, que já se provou verdadeiro ao longo dos anos, chamado Lei de Moore, que consiste na capacidade de processamento e velocidade dos processadores e periféricos tecnológicos de computação dobrar a cada dois anos. Nos tempos de hoje, entraram outros fatores na equação do que chamamos de evolução dos hardwares, como aumento da eficiência energética, aumento da eficiência térmica, diminuição do uso de insumos e matérias-primas básicas, aumento da longevidade, dentre outros fatores, porém esse ditado se demonstra extremamente realista na prática e explica o que estamos vivenciando hoje.

Praticamente qualquer ferramenta de inteligência artificial extremamente poderosa do mercado hoje, seja ela criada pela OpenAI (ChatGPT), Google, Amazon ou Microsoft que são os gigantes do setor, com certeza, ela está sendo processada por chips da NVIDIA, chamados A100. Esses chips revolucionaram a inteligência artificial e fizeram ser possível o processamento em tempo real desses algoritmos, através de redes neurais com poder de processamento jamais vistos na história. A NVIDIA já não está dando conta de produzir esses chips, e eles estão em falta no mundo inteiro, fazendo com a que a NVIDIA adapte placas de vídeos pra uso corporativo, e venda-os para fins de IA. Pra se ter uma ideia da capacidade de processamento do A100, ele tem nada menos que 80GB de memória, com um consumo de energia máximo de surpreendentes 400W no modelo mais potente, e uma banda de memória de incríveis mais de 2TB/s. Isso permite que servidores, equipados com um chip desse, atinja um nível de processamento de inteligência artificial aproximadamente 250 vezes maior do que utilizando o processamento por CPUs topo de linha da geração atual. Vale salientar que o servidor pode ter vários chips desse instalado e isso é a Lei de Moore acontecendo, viabilizando e potencializando a Inteligência Artificial. A próxima geração de chips especializados em IA vai trazer, além de concorrência por parte de outros fabricantes que vão embarcar no setor, uma melhora constante e significativa num futuro próximo.

"O hardware de amanhã dará vida ao software que está sendo escrito hoje."

A previsão dessas mudanças e impactos leva todo esse debate para o campo ético, que não vamos nos aprofundar neste post, mas que é muito importante, pra que se tenha a noção dos limites e cuidados que devem ser adotados na hora de implementar essas tecnologias no dia-a-dia do humano. Os avanços tecnológicos, historicamente, costumam vir com um cheque em branco, pra que se faça tudo em prol da evolução, mas quando temos ferramentas tão poderosas, ultrapassando a capacidade intelectual humana, é necessário ter cautela e estabelecer esses limites.

Como será afetado o mercado corporativo?

Nenhuma área vai deixar de ser afetada pela IA e o mercado corporativo sofrerá mudanças significativas por ferramentas e soluções de IA. Como os segmentos corporativos requerem muito compliance e assertividade nas suas operações, a implementação dessas ferramentas vai ser gradual e lenta, mas deverão ocorrer mesmo assim. Neste artigo, separamos seis pontos que a IA deve mudar de forma definitiva na gestão de negócios.

1) Automatização de processos

Uma das grandes novidades que temos com a IA é a capacidade dos algoritmos de interpretar textos, imagens e documentos e conseguir assimilar significado e propósito pra esse texto. Então, ao invés de subir um contrato, um RG ou uma nota fiscal e requerer um ser humano conferir manualmente, ou até mesmo uma conferência sistêmica por leitura OCR (reconhecimento de imagem), a IA poderá facilmente compreender o documento, dar o resultado dos riscos e erros envolvidos naquilo, sem nenhuma interferência humana e com uma assertividade absurda.

2) Data analytics (análise de dados)

Se você acompanha futebol, deve saber que hoje todo jogador usa uma cinta que possui um monitoramento constante do que o jogador faz em campo e como o corpo dele se comporta. Esses dados depois são carregados em um servidor e são analisados de diversas formas, podendo fazer gráficos do tipo mapa de calor, pra analisar a movimentação dos jogadores em campo e criar entendimentos sobre o desempenho do time. Esses dados, temos em toneladas também na área de gestão, porém estamos limitados a processar e segmentar esses dados, com as ferramentas tecnológicas, por um prisma de análise humana. Através da IA, ela pode analisar a full picture (contexto de caso completo) e trazer os insights e informações que nenhum humano poderia compreender manualmente.

3) Atendimento ao cliente e Vendas

Vários estudos já indicam que as pessoas se sentem mais confortáveis conversando com computadores e chatbots, do que com humanos. Com a Inteligência Artificial e a capacidade de conversar através de linguagem natural, os chatbots corporativos atingirão um nível jamais visto de capacidade de resolução de problemas, melhorando significativamente a satisfação tanto de clientes como potenciais clientes.

4) Resolução de problemas e tomada de decisões

Um termo muito comum na área de gestão de negócios é o data driven, que é um conceito estratégico, aplicado a todos os negócios, em tomar decisões baseadas na análise e interpretação de dados. Com os softwares que temos hoje, temos muito mais dados do que somos capazes de analisar e utilizar, e a IA vai levar isso pra outro patamar, construindo padrões, interpretações e diagnósticos precisos para o seu negócio, embasando tanto a predição de problemas futuros, como também subsidiar as tomadas de decisões para o crescimento da organização.

5) Monitoramento e inspeção da obra

A gestão de obras não vai ficar de fora das inovações de IA. Em obras grandes, principalmente de infraestrutura, já existem protótipos rodando de drones autodecoláveis, que fazem registros em alta resolução da obra e fazem upload pra servidores. Hoje ainda é muito distante a ideia da IA analisar padrões em horas e horas de vídeos em resolução 4K, por exemplo, mas isso deverá ser mais viável no futuro, com as constantes melhorias de hardware, então poderemos ter vídeos, fotos e registros da obra se tornando informações e relatórios muito precisos sobre os problemas que estão acontecendo no canteiro, principalmente na parte de segurança do trabalho e conformidade da aplicação das normas de qualidade no canteiro de obras.

6) Compliance e auditoria

Os setores de compliance das empresas são muito odiados pelos demais setores, pois por muitas vezes acabam por engessar e limitar muito as atividades dos funcionários, em favor desse compliance. A partir do momento que temos um compliance, guiado por inteligência artificial, que esteja devidamente embasado pela análise do risco existente, junto do denso histórico, de conhecimento empírico, o compliance feito por IA será mais preciso e racional, do que aquele feito por humanos.

E aí, deu pra ter uma ideias de tanta coisa que a IA pode mudar na gestão de negócios? E pelo que vemos, esse futuro não tá nem um pouco distante.

Matheus
CTO da Softnix
Olá! Sou Matheus, co-fundador e diretor técnico da Softnix, que desenvolve e mantém o Arquis ERP. Com mais de 10 anos de expertise na área de incorporação imobiliária e construção civil, trago conteúdos técnicos e curiosidades dos mais variados temas que se relacionam com a Construção Civil, principalmente sobre gestão e tecnologia, e sempre de forma descomplicada e objetiva para gestores, estudantes e trabalhadores da área.