A Caixa Econômica Federal anunciou, nesta sexta-feira (10), a retomada do limite de financiamento de até 80% do valor dos imóveis para operações pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) na modalidade SAC (Sistema de Amortização Constante). A medida representa uma reversão da restrição imposta em novembro de 2024, quando o teto havia sido reduzido para 70% devido à escassez de funding no sistema.
Funding do SBPE e cenário recente
O SBPE, principal linha de crédito imobiliário para a classe média, vinha enfrentando forte restrição de recursos, principalmente em função dos sucessivos déficits na caderneta de poupança, que é sua principal fonte de funding. Em 2024, a Caixa operava no limite de sua capacidade, o que levou à redução das cotas de financiamento e à desaceleração das contratações. Inclusive, se você deseja um detalhamento completo, preparamos um vídeo sobre o assunto em 2024, abordando as nuances do financiamento e as posições da Caixa Econômica Federal em relação ao seu funding . Assista:
A reversão agora anunciada só foi possível após mudanças regulatórias que liberaram integralmente os depósitos compulsórios da poupança, ampliando a disponibilidade de recursos para o crédito imobiliário. Essa medida estrutural visa equilibrar a alta demanda por imóveis, o volume de saques da poupança e o cenário de Selic elevada, que vinha pressionando a rentabilidade dos bancos e a atratividade da poupança como investimento.
Impactos para o mercado e para os construtores
- Aumento da capacidade de compra do cliente final: Com a elevação do teto financiável para 80%, a entrada exigida do comprador diminui, ampliando o universo de potenciais adquirentes e acelerando o ritmo de vendas, especialmente de imóveis novos.
- Estímulo direto à produção imobiliária: A expectativa da Caixa é financiar 80 mil unidades adicionais até o final de 2026, injetando pelo menos R$ 20 bilhões em novos financiamentos. Isso deve impulsionar lançamentos, geração de empregos e movimentação de toda a cadeia da construção civil.
- Maior previsibilidade e segurança para incorporadores: O retorno ao patamar de 80% no SAC aproxima o SBPE das condições pré-crise de funding, permitindo um planejamento mais assertivo de novos projetos e reduzindo o risco de estoque parado.
- Redução da pressão sobre o FGTS e o MCMV: Com o SBPE mais robusto, diminui-se a sobrecarga sobre as linhas subsidiadas, preservando recursos do FGTS para as faixas de menor renda e equilibrando o sistema como um todo.
Perspectiva técnica e mercadológica
A liberação dos depósitos compulsórios da poupança é uma medida de impacto estrutural, que pode garantir maior estabilidade ao crédito imobiliário mesmo em cenários de volatilidade econômica. Para os construtores, trata-se de uma oportunidade para retomar lançamentos, revisar estratégias comerciais e captar clientes que antes estavam fora do mercado por restrição de crédito.
A medida também reforça a importância de acompanhar de perto a dinâmica do funding do SBPE, que segue dependente do comportamento da poupança e das condições macroeconômicas. O cenário exige atenção constante à gestão de fluxo de caixa, planejamento de vendas e análise de risco de crédito.
